Amar demais! Estar para o outro, para um mundo, uma vida, além do que é esperado, além do que é solicitado, além do que é possível e permitido receber ali.
Onde mora a linha divisória entre amar demais, amar de menos, amar na medida certa das expectativas alheias e dos próprios anseios? Não é uma pergunta fácil e não é uma resposta simples.
Se alguém percebe que espera do outro a reciprocidade de seus sentimentos e isto lhe dói, então está a amar demais. Se esta outra parte não lhe corresponde, não lhe retribui, não consegue lhe alcançar na medida recebida, esta então, ama de menos, então sofre igualmente ou ao menos, lhe incomoda a cobrança que surge em cena.
Doar de si, mais que para si mesmo (a) é amar demais. Receber sem poder doar de si, ter consciência disso e ainda assim receber, pode ser um ato de confiança na benevolência da vida, necessidade pela vulnerabilidade que todo ser humano passa em algum momento de sua existência e às vezes até uma existência inteira; ou ainda, alimentar de esperanças um terreno alheio e fértil, onde não haverá frutos, terra nutrida e pronta para produzir, mas que passará por muitos períodos de plantio e pouca ou nenhuma colheita. E nada pode ser mais triste que uma terra boa plantar, desperdiçada em seu poder gerador.
Por fim, amar demais poderia ainda ser entendido, como querer estar onde não lhe é permitido estar, caber ou expressar amor.